31/08/2014
Poucos estudos tentaram correlacionar a endometriose com a nutrição. A alimentação pode favorecer a redução da cólica menstrual e da dor pélvica através de uma alta ingestão de nutrientes antioxidantes.
Para auxiliar na redução da inflamação, tem sido sugerida a ingestão de nutrientes ácidos graxos poliinsaturados ômega-3 (presente no salmão, na sardinha, na linhaça dourada, entre outros alimentos) e ômega-6 (presente em nozes, sementes, óleos vegetais, etc), pois atuam nas desordens inflamatórias e imunológicas associadas à doença.
Mulheres com alto consumo de alimentos ricos em ômega-3 e ômega-6 mostraram redução de 22% de chance de serem diagnosticadas com a doença. Por outro lado, as mulheres que consomem alimentos ricos em gordura trans têm 48% mais risco de ter endometriose, pois a gordura trans favorece a inflamação.
Outros alimentos podem favorecer o desenvolvimento da endometriose, como os que contêm gordura saturada em excesso e as carnes vermelhas. A carne vermelha favorece o desenvolvimento da endometriose devido ao alto teor de gordura. Já os vegetais verdes e as frutas frescas, por exemplo, podem apresentar efeito protetor à doença.
O que comer
Um estudo realizado no Ambulatório de Endometriose, Dor Pélvica e Infertilidade da Santa Casa de Curitiba (PUC-PR) observou que a ingestão de determinados nutrientes pode reduzir o risco de doenças metabólicas e a taxa de gordura corporal. Indica-se que na endometriose há um aumento dos estrogênios.
Estudos sugerem que a excreção do excesso de estrogênio pode ser favorecida pelo aumento da ingestão de fibras. A ingestão diária recomendada é de 25g por dia. Vegetais verdes, frutas frescas e outros alimentos ricos em fibras são benéficos para o organismo e podem protegê-lo contra a inflamação. Isso porque as fibras que estes alimentos contêm auxiliam o funcionamento do intestino e, portanto, a excreção do excesso de estrogênios.
Com a industrialização, houve um aumento no consumo de alimentos refinados (pobres em fibras) e uma redução no consumo de frutas e vegetais frescos, o que impossibilita a ingestão adequada de fibras.
A pesquisa avaliou o perfil nutricional, os dados antropométricos e o estresse oxidativo de mulheres com endometriose e verificou que a ingestão de gordura total da população estudada estava adequada. No entanto, a ingestão de gordura saturada estava acima da recomendação.
Estudos sugerem que a alta ingestão de gordura animal pode estar associada ao aumento do risco de desenvolvimento da doença. O estudo observou alteração do perfil lipídico em mulheres com endometriose.
Detectou altos níveis de colesterol LDL e triglicerídeos e, portanto, maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares, provavelmentepela ingestão de gorduras A vitamina E apresenta efeito modulador sobre as respostas inflamatórias e imunes e, em geral, sua deficiência aumenta os componentes da resposta inflamatória (aumenta a inflamação) e prejudica a defesa imunológica. As vitaminas do complexo B também são importantes para auxiliar no tratamento da doença.
Os minerais antioxidantes, como cobre, selênio e zinco, são importantes para o sistema de defesa do organismo. Podem ser encontrados em vegetais de tom verde escuro, em cereais integrais, castanhas, nozes, amêndoas, pistache e outros.
*Dados retirados do mestrado do programa de pós-graduação em Ciências da Saúde da PUC-PR (citado no texto) e de alguns artigos internacionais.
* Artigo de Vivian Ferreira do Amaral, coordenadora do Ambulatório de Endometriose e Infertilidade da Santa Casa de Curitiba