Endometriose: Muito além da cólica — Dr. Frederico Correa

Muito além da cólica

Poucas mulheres sabem: Dor intensificada no período menstrual pode sinalizar um problema grave

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Estima-se que 6 milhões de mulheres brasileiras tenham endometriose, doença que, se tratada precocemente, pode evitar o comprometimento de outros órgãos do corpo

 A carioca Janaina Chia, 35, que mora há seis anos em Brasília, não imaginava que passaria por um problema que acomete cada vez as mulheres. Após um aborto espontâneo em 2008 descobriu através de uma consulta que tinha endometriose, doença que é caracterizada pela presença de endométrio – tecido semelhante ao que se encontra na cavidade do útero, mas na cavidade abdominal. Por meio de exames de ressonância magnética e cirurgia de videolaparoscopia, conseguiu vencer as dores recorrentes, mas como a doença estava em estágio avançado, outros órgãos do corpo foram afetados, como a bexiga e o intestino.

Casos como de Janaina têm se tornado evidentes. Estima-se que 10% das brasileiras tenham endometriose. De acordo com o diretor do Centro de Excelência em Endometriose, em Brasília, Frederico Corrêa, os principais sintomas são cólicas menstruais intensas, dor nas relações sexuais, infertilidade e alterações do funcionamento intestinal. A causa da endometriose ainda permanece desconhecida. “Existem teorias que tentam explicar o aparecimento da doença como a da menstruação retrógrada, que reflui pelas trompas levando o sangue junto com o tecido endometrial para a cavidade abdominal, permitindo, então, o implante deste tecido e o desenvolvimento da endometriose. Certamente alterações genéticas e imunológicas são fatores importantes para o surgimento desta doença”, esclarece o médico ginecologista.

Sem frescuras – Engana-se quem acha que o período de desconforto durante a menstruação sinaliza apenas uma dor simples de cólica. Quem tem endometriose passa por dores constantes, por isso, a importância da visita periódica ao médico. Acredita-se que 6 milhões de mulheres no Brasil tenham endometriose, e muitas delas, desconhecem o fator causador das dores intensificadas no período menstrual. “Cólicas fortes que interferem com a rotina da mulher e onde há necessidade do uso de medicações analgésicas e anti-inflamatórias e de medicação injetável, devem ser melhor investigadas”, afirma Frederico Corrêa.

Segundo Dr. Frederico, não existe prevenção primária para o surgimento da endometriose. O que se deve buscar é um diagnóstico precoce para que as mulheres com endometriose possam ser tratadas de forma adequada e orientadas sobre o futuro reprodutivo. “O diagnóstico deve ser baseado na história clínica, nos achados do exame clínico ginecológico, e em exames de imagem como a ultrassonografia transvaginal especializada para pesquisa de endometriose e a Ressonância Magnética da Pelve, diz.

O tratamento medicamentoso, segundo Dr. Frederico, visa e redução ou remissão total dos sintomas de dor. Mas não há tratamento clínico com medicamento que consiga reduzir ou extinguir as lesões de endometriose. “Em geral são utilizados tratamentos hormonais com anticoncepcionais orais ou injetáveis. Outros hormônios também podem ser utilizados”. Já o tratamento cirúrgico é indicado nos casos em que o tratamento com medicação não consegue diminuir os sintomas, nos casos de lesões de endometriose graves com comprometimento importante dos ovários, intestino, bexiga ou ureter. O tratamento cirúrgico também pode ser indicado em casos de infertilidade a depender de outros fatores que devem ser avaliados.

Paulo Lima | Luan Comunicação

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