20/11/2014
Doença que atinge cerca de 176 milhões de mulheres no mundo, sendo seis milhões só no Brasil, a endometriose ainda é desconhecida para 53% das brasileiras, aponta pesquisa realizada este ano pela Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE), com apoio da Bayer. A pesquisa foi feita com 10 mil mulheres, com idade acima de 18 anos, em dez capitais (Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador).
Quando separados por localidade, os dados são ainda mais alarmantes. Em Porto Alegre, por exemplo, 68% das mulheres não sabem o que é a endometriose, enquanto em Manaus esse número sobe para 82%. Em São Paulo e Brasília, 52% disseram nunca ter ouvido falar na doença. Na contramão, em Recife, 72% das mulheres afirmaram já ter ouvido falar sobre o assunto, seguido por Curitiba e Salvador (64%) e Rio de Janeiro (54%).
Embora pouco conhecida, a doença afeta cerca de 176 milhões de mulheres no mundo, sendo seis milhões só no Brasil. A endometriose acontece quando há presença de tecido uterino (endométrio) fora do útero, como por exemplo, na cavidade abdominal e nos ovários. Pode ocorrer já a partir da primeira menstruação e afeta as mulheres principalmente durante os anos reprodutivos. A patologia pode causar dores abdominais severas e é uma das principais causas de infertilidade. Entre os principais sintomas estão dor durante as relações sexuais, cólica menstrual intensa, alterações no hábito intestinal (diarreia ou obstipação) e dificuldade para engravidar. Entre as entrevistadas, 55% disseram apresentar algum sintoma da doença – 23% pelo menos um e 7% os cinco sintomas.
“Essa pesquisa reforça, de modo geral, que as mulheres ainda não estão bem informadas sobre a endometriose, o que acaba dificultando a detecção e tratamento da doença”, explica o Dr. Mauricio Abrão, professor associado do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
A pesquisa ainda aponta que grande parte das mulheres (82%) desconhece qualquer tipo de tratamento oferecido pelas redes pública e particular de saúde e 34% delas acreditam que é possível melhorar o diagnóstico e tratamento da endometriose através de campanhas informativas.
Além da falta de conhecimento sobre a doença por parte das mulheres, a carência de centros de atendimentos especializados dificulta ainda mais a busca por diagnóstico preciso e tratamento eficaz. Uma pesquisa, realizada pela Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE) com apoio da Bayer, com 956 médicos, em 10 estados brasileiros, revelou que embora a maioria os profissionais conheça os principais sintomas (78%) e saiba como identificar a endometriose (82%), 67% dos médicos acreditam que os centros disponíveis para tratamento da doença não são capazes de atender à demanda brasileira e 93% gostariam que houvesse mais centros de tratamento.
Quando perguntados quais os maiores desafios para diagnóstico precoce da doença, 49% dos profissionais responderam falta de tratamento específico e dificuldade de acesso aos recursos e exames para diagnóstico preciso da doença. A doença não tem cura, mas pode ser tratada, permitindo que a mulher ganhe qualidade de vida e até engravide.
“Para auxiliar as mulheres que aguardam na fila para o tratamento da endometriose nos hospitais de referência, a Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE) realizará neste semestre um mutirão de saúde com exames clínicos e exames de diagnósticos por imagem, visando diminuir a espera dessas mulheres que precisam de tratamento”, conclui Dr. Rui Ferriani, presidente da Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE).