Médicos de diferentes instituições participaram na terça-feira, 17 de maio, de audiência pública na Câmara Legislativa do Distrito Federal para debater as formas de diagnósticos e tratamentos da endometriose. A iniciativa foi do deputado distrital Cláudio Abrantes, que sugeriu o tema em razão dos muitos casos de mulheres que sofrem com a doença.
“Se é algo que está atingindo uma parcela tão significativa da sociedade, de maneira direta para as pacientes, e indireta para os que convivem com elas, é justo que tenhamos uma audiência pública para discutir o tema. Trata-se de uma questão de saúde pública”, disse o parlamentar.
O diretor do Centro de Excelência em Endometriose de Brasília, Dr. Frederico Corrêa, participou da audiência e discursou sobre a importância da criação de uma Unidade de Saúde que ofereça atendimento gratuito às mulheres que têm endometriose.
O médico fez referência a dados da Associação Americana de Endometriose, que apontam que em 66% das mulheres, os sintomas começam antes dos 20 anos. “No entanto, cotidianamente, vemos mulheres sofrendo ainda após 35/45 anos por causa da doença. No Brasil, se os sintomas começaram na adolescência, o tempo médio de diagnóstico é de 12 anos”, afirmou.
O especialista também destacou que, no geral, antes do diagnóstico, as mulheres passam por cinco ou seis ginecologistas. Por isso, a importância da criação de um Centro de Atendimento Especializado, para diminuir o tempo do diagnóstico e os custos do tratamento, além de minimizar o sofrimento das pacientes.
“Alguns serviços no mundo preconizam a formação de Centros de Excelência em Endometriose. A equipe deve ter ginecologistas, cirurgiões-gerais, proctologistas, coloproctologistas, urologistas, cirurgiões torácicos, apoio psicológico e psiquiátrico, profissionais em imagens e especialistas em reprodução humanada – para as mulheres que desejam engravidar. Cabe ressaltar que todos devem ter treinamento específico em endometriose”, detalhou Frederico Corrêa.
Para o deputado distrital Cláudio Abrantes, a presença de todos os profissionais na audiência, com a suas devidas contribuições, foi de extrema importância, e ele espera levar a conhecimento do governador de Brasília, Rodrigo Rollemberg, os dados apresentados e a necessidade da criação de um Centro de Atendimento Especializado gratuito.
“Apesar de toda a crise que a gente tem na saúde, uma iniciativa como essa, coloca Brasília na vanguarda desse tratamento, visto que, pelo que foi colocado aqui, não ouvimos a formação de outro Centro de Excelência no País. Esse Centro colocaria o Distrito Federal como protagonista dentro de uma política nacional de cuidados com a saúde da mulher com endometriose”, afirmou.
Participaram também da audiência pública, a coordenadora-geral da ginecologia e obstetrícia da Secretaria de Saúde do DF, Marta Teixeira; a chefe da Unidade Materno-Infantil do Hospital Universitário de Saúde, Lizandra Moura, o médico Alysson Zanatta, o professor de ginecologia da Faciplac Carlos Portocarrero; o presidente da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia de Brasília, Jean Pierre Barguil; a diretora da clínica Imagem e Vida, Adriana Garrido; o médico proctologista Rômulo Medeiros, o médico Fernando Lyrio, a médica Lizandra Moura e a presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida, Hitomi Nakagawa.
